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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Asteroide passa de raspão pela Terra

Astrónomos estão a acompanhar a trajetória de um asteroide do tamanho de um porta-aviões que hoje deve passar sem grandes incidentes entre a Terra e a Lua, na maior aproximação de um objeto desse tipo em uma geração.
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NASA/Reuters
O asteroide, batizado de 2005 YU55, em imagem gerada pelo Radiotelescópio Arecibo, em Porto Rico.
O asteroide de 396 metros de largura, conhecido como 2005 YU55, não apresenta risco, dizem os especialistas do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, a agência espacial americana.
Eles estão monitorando por radar essa rocha enquanto ela se aproxima da Terra, sendo que deve passar a 320.000 quilômetros de distância, ligeiramente mais perto do que a órbita da Lua. Essa é a primeira vez desde 1976 que um asteroide chega tão próximo da Terra e a primeira vez que astrônomos têm a notícia com tanta antecedência de um encontro tão aproximado.
Pelos cálculos dos astrônomos, é esperado que o asteroide faça sua maior aproximação às 21h28, horário de verão de Brasília, de hoje. Apesar de ser do tamanho de um porta-aviões, o asteroide não deve ser visível a olho nu. Ele também tem gravidade muito fraca para afetar as marés ou causar terremotos, disseram os especialistas da Nasa.
O efeito mais importante do asteroide deve ser a adrenalina produzida nesta semana entre os astrônomos de todo o planeta que estão acompanhando seu trajeto pelo Deep Space Radar Network, um radiotelescópio da Nasa em Porto Rico, e por outras centenas de telescópios ao redor do mundo.
"Essa é uma oportunidade extraordinária para ver um tipo de asteroide extremamente importante", disse o chefe do departamento da Nasa para objetos próximos da Terra, Donald K. Yeomans, que acompanha asteroides. "Um pequeno exército de astrônomos está muito entusiasmado com isso", afirmou.
Entre os mais velhos objetos no sistema solar, esses asteroides ricos em carbono podem conter água e importantes minérios, assim como pistas sobre a origem da vida molecular na Terra. Eles também podem se transformar no próximo destino da humanidade no espaço, se os planos atuais da Nasa para uma missão tripulada a um asteroide se concretizarem.
"Esses objetos podem um dia ser as estações de abastecimento de combustível e água para viagens interplanetárias", disse Yeomans.
O sistema solar hospeda milhões de asteroides, mas apenas alguns chegam perto da Terra, como os objetos gigantes que atingiram o planeta há 65 milhões de anos, em uma parte da cadeia de eventos que levaram à extinçào dos dinossauros. O impacto deixou uma cratera de 177 quilômetros de diâmetro na Península de Yucatán, no México, o que sugere que o objeto original tinha cerca dez quilômetros ou mais de diâmetro.
Em comparação, o asteroide 2005 YU55 é considerado de médio porte. Ele foi detectado pela primeira vez há seis anos e, até agora, os pesquisadores sabiam muito pouco além de sua órbita precisa. Observações anteriores sugerem que ele é uma rocha esférica bastante simétrica, mais escura que o carvão, e que completa uma rotação a cada 18 horas.
Os radares da Nasa descobriram seu rastro na sexta-feira e foram imediatamente capazes de identificar sua posição com uma margem de erro de um quilômetro — 50 vezes mais preciso que a melhor estimativa anterior.
"Nós comprimimos" o asteroide, disse Marina Brozovic, uma astronôma de radar planetário que lidera a equipe da Laboratório de Propulsão a Jato nas instalações do radar Goldstone, da Nasa, que está seguindo o asteroide.
Durante as próximas 48 horas, os astrônomos esperam mapear a superfície do asteroide e aprofundar seu conhecimento sobre a órbita de forma suficiente para prever com precisão sua trajetória no futuro. "Nós provavelmente saberemos com séculos à frente onde ele estará", disse Brozovic. "Nós não queremos surpresas", disse.
Somente em 2028 outro asteroide deve passar tão perto da terra, quando o 2011 WN5 cruzar o espaço a apenas 230.000 quilômetros de distância.
O voo do 2005 YU55 também oferece aos astrônomos uma oportunidade de testar suas aquisições de equipamentos e técnicas de acompanhamento, no caso de um asteroide um dia vier a ser descoberto em rota de colisão com a Terra. "Nós gostaríamos de saber mais sobre os asteroides no caso de um deles encontrar uma trajetória que seja ameaçadora para a Terra", disse Yeomans.


THE WALL STREET JOURNAL 

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