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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Céu limpo, apresentando-se muito nublado durante a manhã
Temperaturas: máx - 32ºC, min - 18,2ºC

 METEOALENTEJO(MA)-Boa noite Duarte!

DUARTE SOUSA (DS)- Boa noite, antes de mais obrigado pelo convite a esta “entrevista virtual” sobre esta grande paixão que é a meteorologia.

 MA -Quando surgiu este teu interesse sobre a meteorologia?

DS - Sinceramente não sei bem. Penso que esta paixão foi talvez um medo vencido. Antes, quando ainda era criança, quando havia trovoada à noite, odiava. Porém, de dia, o medo era pouco, pois raramente estava sozinho, e o facto de haver claridade no meu redor torna as coisas menos assustadoras. Quando ainda tinha esse medo, a última tempestade a que assisti foi um forte temporal na praia da Manta Rota, em Vila Real de Stº António, no Algarve. Foi no início de Setembro de 2011. Lembro-me perfeitamente de alguns momentos. Ainda havia luz do Sol, já se via uma escuridão um pouco a norte, e eu disse para a minha madrinha “com a chuva que lá vem, podemos colocar a loiça cá fora que fica já lavada”. Já depois do jantar, começou a chover e a trovejar. A tempestade aproximou-se. De repente, cai um raio num pára-raios a apenas 33 metros do meu local actual. Mal ouvi o trovão, o coração ia-me saltando do peito. Penso que nunca senti um batimento cardíaco tão forte (não em velocidade, mas em força). Passados uns minutos, falta a luz. O medo era tão grande que já chorava “baba e ranho”. A tempestade continuou. O tal pára-raios que tinha sido atingido, voltou a levar com raios umas duas ou três. Na continuidade, voltou a luz. Foi um alívio, pensei que a trovoada já estava longe. Mas, mais uma vez, a luz vai abaixo. Eram 2 relâmpagos a cada 5 segundos. Mais tarde, a luz voltou. Lembro-me que nesse dia a Selecção Nacional de Sub-21 jogara uma partida de futebol em que ganhara 4-0. Lembro-me de dizer que só me apetecia tomar banho, pois tinha suado muito. A tempestade foi-se afastando e fui dormir mais descansado. Depois disse, não me lembro assim nada de muito significativo. Lembro-me que familiares meus gozavam, na brincadeira claro, que eu tinha medo de trovoada. Então, cada vez que havia trovoada de noite, tentava não ouvir e evitar chamar os meus pais. EE foi assim que de medo passou a paixão. Com a minha paixão por fotografia e por meteorologia, comecei a filmar/fotografar raios, tempestades, formações, entre outras coisas. 
E cá estou, com 15 anos e um verdadeiro apaixonado pelo que a natureza nos dá!

MA - O que mais te fascina neste mundo tão surpreendente que é a meteorologia?

DS - Tudo me fascina! Obviamente que gosto mais de certas coisas que outras. Adoro trovoada, nascer/pôr-do-Sol, tipos de nuvens espectaculares, como cúmulo-nimbo, mammatus, entre outros. Como já referi, também sou apaixonado por fotografia, e por isso tento misturar as coisas e tenho alguns registos espectaculares.

MA - Qual o fenómeno meteorológico a que assististe e que mais te encantou?

DS - Não sei bem… Se já fosse apaixonado por meteorologia na altura do acontecimento que referi na questão nº1, de certeza que seria esse o fenómeno. Sendo assim, talvez tenha sido a convectividade do dia 18 de Abril de 2011, em que vi ela a passar-me à frente. No momento não reparei no que tinha acontecido. Tinha uma máquina à mão, e filmei tudo até acabar. Só depois no computador reparei que tinha captado bastantes raios, pois no momento pensava que eram apenas relâmpagos. Deixo aqui o link do vídeo para quem quiser vê-lo: http://www.youtube.com/watch?v=YowtLtR6jnI   Ou mais recentemente, a trovoada do dia 29 de Abril, quando se deu a grande saraivada em alguns pontos de Lisboa, em que eu estava na escola no Infantado, perto de Loures. Tive a sorte de não ter aula, logo aproveitei para observar os belos raios que percorriam o céu de uma ponta à outra. Ainda há pouco tempo houve outra trovoada, no dia 28 de Maio de 2011, mas devido ao calendário escolar tive de fazer um trabalho de grupo, pelo que não pude assistir à “festa” por completo.

MA - Preferes sol (estabilidade) ou  chuva, trovoada , vento e fenómenos extremos?

DS - Sinceramente não gosto de sentir muito calor “na pele”, mas gosto de ter temperaturas bem altas registadas. Chuva, só gosto se for acompanhada por trovoada e/ou granizo. Vento, também gosto bastante, não sei porquê, mas parece que revitaliza a alma. E a meteorologia sem extremos é uma autêntica “seca”.

MA - Gostas do clima da tua região?

DS - Sim, não tenho razões de queixa, mas gostava apenas de ter mais alguma instabilidade. Por vezes gostaria de viver no interior. No Verão aqui não há trovoadas de Verão como lá. Por vezes há um pouco de vento mais forte devido à nortada, mas de resto tudo bem.

MA - Quando e porque nasceu o projecto METEOLOURES?

DS - O projecto Meteo Loures surgiu pelo facto de muitos membros da comunidade MeteoPT possuírem um blog/site onde colocam informações meteorológicas sobre o seu local. Como ainda não existia nenhum blog/site com informações aqui da zona do centro de Loures, decidi criar o blog. Desde o início que demonstrei bastante empenho na publicação de mensagens no blog, mas reparava que tinha muito poucas visitas, ou nenhumas, para além das minhas. Por isso, criei uma página no Facebook a ver se “angariava” mais visitantes, e parece que resultou. Agradeço desde já aos que me ajudaram na divulgação, como o blog/página Meteo Alentejo, o site SouthStormProject, entre outros.

MA - Achas importante a existência de projectos como METEOLOURES, METEO@LENTEJO, ETC para a divulgação das condições meteorológicas locais?

DS - Não só acho importante para a divulgação das condições meteorológicas locais, como também para a expansão deste tema pelo país/mundo fora. A meteorologia é uma ciência fascinante que está a ser constantemente descoberta por muitas pessoas, e tenho a certeza que não se arrependem de se apaixonar por isto.

MA - Para finalizar não podia deixar de fazer esta pergunta.
Consideras-te um meteolouco?

DS - Penso que sim. Ainda hoje, estava debaixo duma trovoada, digamos, intensa, e coloquei a máquina a gravar o espectáculo enquanto estava a refrescar-me na piscina. Quando há cúmulo-nimbos nas imediações, vou até ao telhado que equivale ao 5º andar só para fotografá-los com a melhor perspectiva. Se já tivesse 18 anos e um carrinho à mão, quando soubesse que havia uma tempestade aqui perto ia atrás dela, como os caça-tempestades do Discovery Chanel, por exemplo.

MUITO OBRIGADO DUARTE!

  Amanhã tudo o que precisa de saber sobre os raios Ultra Violeta 

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